É como um ciclista que anda em círculos e não sabe para onde vai.
Dá de ver acontecendo, dá para perceber passando, dá para quase tocar, mas não dá para controlar. Às vezes, passa muito rápido. Mas muito rápido mesmo, questão de horas, dias, ou segundos. Outras vezes, passa devagar quase parando. Andando pra trás, dando voltas, um ciclo demorado que parece não acabar nunca.
Na minha vida pessoal, eu sei que vivo um ciclo que ainda não se acabou, e que começou fazem 3 anos. Um não, dois. Tenho consciência que há dois ciclos acontecendo na minha vida, que ainda não se acabaram totalmente, e que começaram à três anos atrás.
Porém, tem dias que eu vejo um ciclo começar e se acabar tão rapidamente, como se eu tivesse piscado um olho e, ao abri-lo novamente, já havia se evaporado. Num piscar de olhos, minhas emoções durante o dia vem e vão, acordando empolgada e indo dormir com raiva, tomando café da manhã tristonha e jantando com um sorrisão alegre no rosto. Dentro de um dia, eu visito inúmeros e diferentes ciclos de humor e pensamentos.
Já vi também ciclos semanais. Antes do Natal, passei a semana triste e completamente desesperançosa com a vida. “Não adianta, não tem jeito, o ano acabou e não consegui o que eu queria. Sou um desastre mesmo.” Na semana seguinte, já estava inundada de esperanças e planos para o ano que promete, com a certeza de que tudo iria dar certo e algo novo estaria por vir.
Mulheres, já conversaram com seu ciclo menstrual? A fonte da sabedoria, o pote de ouro embaixo do arco-íris. O olho que tudo vê e tudo sabe, que tudo sente, que tudo limpa, que tudo renova. Menstruação é ouro, é choro, é sujeira, é pureza, é esperança. Ela me diz tudo que eu preciso saber, me mostra os caminhos, me guia em direção aos meus sonhos, chama minha atenção ao que preciso melhorar, me dá feedback sobre minhas ações, me conecta com o meu ser.
Ela é pesada. Carrega infinitas gotas de sabedoria. Carrega o fim e o início de um ciclo, carrega dois ciclos de uma vez só. Ela é a velha sábia, a mulheridade, feminidade, a minha La Loba.
Se você conseguir conectar, sincronizar mente e menstruação, não há medo que sobre, não há dúvida que reste, não há meta que não seja atingida. Não há ciclo que não seja identificado. Muitos ciclos externos revelam suas fases durante a menstruação, e o próprio ciclo menstrual revela a fase interna da mulher naquele momento. Como?
Seu ciclo já atrasou uma semana? Duas semanas? Quatro dias? Dois meses?
Aparentemente, sem nenhuma explicação, ciclos menstruais (naturais) se atrasam, pois eles são e estão em perfeita sincronia com a fase interna da mulher. Com o conjunto de emoções daquele momento, com os desafios, com as lições, e com tudo que a deusa está passando. Se atrasam para se alinhar à lua e potencializar a concretização de um objetivo, se atrasam para se alinhar à lua e permitir que a fase introspectiva se estenda mais um pouco.
A vida dá voltas e ciclos são feitos de círculos. Tem começo, meio, e fim. Esse fim é o vazio, é a transição de um ciclo finito para um ciclo melhor. O vazio é o ponto de intersecção aonde as linhas de um círculo se encontram para fechá-lo – é o fim de um junto do início de outro. É o lugar de infinitas possibilidades, de descanso, de carregamento da bateria. O vazio permite a renovação de sonhos e comemoração de conquistas passadas.
Já reparou nos seus ciclos? No ciclo menstrual, no diário, no mensal, no semanal. No anual, e naqueles ciclos anuais. Eles são excelentes fontes de sabedoria e conexão do ser. Do ser humano mesmo, seja ele homem ou mulher, pois ciclos não fazem distinção de raça, cor, gênero, nem credo.
Ontem, eu oficialmente encerrei um ciclo. Amanhã, eu oficialmente iniciarei um novo. Durante a noite de ontem para hoje, eu menstruei. E isso realmente aconteceu.
Se isso não representa sincronia e sabedoria, eu não sei mais o que coincidência não é
.
.
Foto: Praia da Silveira, Garopaba – Brasil