Círculos de ciclos

É como um ciclista que anda em círculos e não sabe para onde vai.

Dá de ver acontecendo, dá para perceber passando, dá para quase tocar, mas não dá para controlar. Às vezes, passa muito rápido. Mas muito rápido mesmo, questão de horas, dias, ou segundos. Outras vezes, passa devagar quase parando. Andando pra trás, dando voltas, um ciclo demorado que parece não acabar nunca.

Na minha vida pessoal, eu sei que vivo um ciclo que ainda não se acabou, e que começou fazem 3 anos. Um não, dois. Tenho consciência que há dois ciclos acontecendo na minha vida, que ainda não se acabaram totalmente, e que começaram à três anos atrás.

Porém, tem dias que eu vejo um ciclo começar e se acabar tão rapidamente, como se eu tivesse piscado um olho e, ao abri-lo novamente, já havia se evaporado. Num piscar de olhos, minhas emoções durante o dia vem e vão, acordando empolgada e indo dormir com raiva, tomando café da manhã tristonha e jantando com um sorrisão alegre no rosto. Dentro de um dia, eu visito inúmeros e diferentes ciclos de humor e pensamentos.

Já vi também ciclos semanais. Antes do Natal, passei a semana triste e completamente desesperançosa com a vida. “Não adianta, não tem jeito, o ano acabou e não consegui o que eu queria. Sou um desastre mesmo.” Na semana seguinte, já estava inundada de esperanças e planos para o ano que promete, com a certeza de que tudo iria dar certo e algo novo estaria por vir.

Mulheres, já conversaram com seu ciclo menstrual? A fonte da sabedoria, o pote de ouro embaixo do arco-íris. O olho que tudo vê e tudo sabe, que tudo sente, que tudo limpa, que tudo renova. Menstruação é ouro, é choro, é sujeira, é pureza, é esperança. Ela me diz tudo que eu preciso saber, me mostra os caminhos, me guia em direção aos meus sonhos, chama minha atenção ao que preciso melhorar, me dá feedback sobre minhas ações, me conecta com o meu ser.

Ela é pesada. Carrega infinitas gotas de sabedoria. Carrega o fim e o início de um ciclo, carrega dois ciclos de uma vez só. Ela é a velha sábia, a mulheridade, feminidade, a minha La Loba.

Se você conseguir conectar, sincronizar mente e menstruação, não há medo que sobre, não há dúvida que reste, não há meta que não seja atingida. Não há ciclo que não seja identificado. Muitos ciclos externos revelam suas fases durante a menstruação, e o próprio ciclo menstrual revela a fase interna da mulher naquele momento. Como?

Seu ciclo já atrasou uma semana? Duas semanas? Quatro dias? Dois meses?

Aparentemente, sem nenhuma explicação, ciclos menstruais (naturais) se atrasam, pois eles são e estão em perfeita sincronia com a fase interna da mulher. Com o conjunto de emoções daquele momento, com os desafios, com as lições, e com tudo que a deusa está passando. Se atrasam para se alinhar à lua e potencializar a concretização de um objetivo, se atrasam para se alinhar à lua e permitir que a fase introspectiva se estenda mais um pouco.

A vida dá voltas e ciclos são feitos de círculos. Tem começo, meio, e fim. Esse fim é o vazio, é a transição de um ciclo finito para um ciclo melhor. O vazio é o ponto de intersecção aonde as linhas de um círculo se encontram para fechá-lo – é o fim de um junto do início de outro. É o lugar de infinitas possibilidades, de descanso, de carregamento da bateria. O vazio permite a renovação de sonhos e comemoração de conquistas passadas.

Já reparou nos seus ciclos? No ciclo menstrual, no diário, no mensal, no semanal. No anual, e naqueles ciclos anuais. Eles são excelentes fontes de sabedoria e conexão do ser. Do ser humano mesmo, seja ele homem ou mulher, pois ciclos não fazem distinção de raça, cor, gênero, nem credo.

Ontem, eu oficialmente encerrei um ciclo. Amanhã, eu oficialmente iniciarei um novo. Durante a noite de ontem para hoje, eu menstruei. E isso realmente aconteceu.

Se isso não representa sincronia e sabedoria, eu não sei mais o que coincidência não é

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Foto: Praia da Silveira, Garopaba – Brasil

Tem muito barulho para pouco silêncio

Barulhento.

O som do teclado, da música de fundo, da conversa paralela, da cebola na panela. Som de portão se abrindo, de gritaria. Abaixa, por favor. Diminui o som?

Não dá de ouvir nada quando se tem muito barulho ao redor. Como eu vou me ouvir se, só o que eu consigo escutar, é o barulho das ondas lá fora? Ondas, não do mar, mas das inúmeras frequências de som que pairam por aí.

Hoje em dia, não se tem mais paz. Sim, eu sei: A paz é interior e ela mora dentro da gente. Não dá pra encontrar paz lá fora porque ela tá aqui dentro. Porém, ao mesmo tempo, não dá para encontrar paz aqui dentro se eu não tiver um pouco de paz lá fora.

Quando tem muito barulho, tudo fica confuso. Fica difícil distinguir o que é importante do que é só barulhento, distração. Barulho sendo tudo aquilo que parece ser relevante, mas não é.

Repito: Barulho sendo tudo aquilo que parece ser relevante, mas não é.

Por exemplo: Digamos que você está prestes a se tornar mãe, ou pai. Você tem que escolher o nome do seu filho, porque isso é algo importante. Você começa a ler livros e mais livros sobre significados de nomes, mas no fim acaba eliminando todos, pois cada um te lembra de uma pessoa que você não gosta. Faltam algumas semanas pro neném nascer, e você ainda nem escolheu o nome.

“Maria” é nome de aquariana, “Juliana” é de áries, mas minha filha será sagitariana. “Carla” me lembra da vizinha chata que tive ano passado, “Flavia” já é filha da minha amiga. Tô entre “Ciclana” e “Fulana”, mas não consigo me decidir…

A bolsa estourou e o bebê nasceu. Tá na hora de levá-lo pra casa. Quem vai ajudar? Como vou me organizar? Qual quarto ele vai ficar? Tem que comprar fralda? Quem vai ser a babá?

Provavelmente, assuntos – de fato – importantes terão passados despercebidos, pois o foco estava no barulho. No nome do bebê. No que não importa. Sim, é importante que o bebê tenha um nome, mas é realmente tão importante assim qual será o nome do bebê?

Isso é só uma ilustração para a gente refletir. A vida é -cheia- de barulhos, sejam eles de fato um som ou simplesmente pensamentos barulhentos. Que, de tão altos, não nos permitem se ouvir. Se escutar, escutar o que o nosso corpo tem pra falar.

Pensamentos barulhentos.

Cada vez mais, eu percebo o valor do silêncio. O valor de escutar só os sons que realmente importam. Parar, escutar os sons naturais ao nosso redor, aqueles que não tem como abaixar, e se permitir escutar os sons que vêm de dentro.

Deixa esses sons falarem e te entregarem a resposta de todos os seus desafios. Tá tudo ali. A nossa alma é sábia. Escuta a velha sábia, o que ela tem pra te ensinar. Deixa o corpo se sincronizar com a mente e, em perfeita harmonia, te guiar para o melhor dos caminhos. Senta, respira, levanta, caminha, dança, respira. Fica em silêncio. Desliga a TV, abaixa o som da música, ouve o som do coração, da respiração.

A respiração traz a resposta de tudo. Mas é tanto barulho, que a resposta se perde pelo ar e a gente nem vê, nem escuta. E fica ali, lutando pra encontrar uma solução lá fora, sendo que é só buscá-la aqui dentro.

Recomeçar, continuar. Rebobinar até o começo. Voltar duas casas e jogar novamente, ou só continuar em frente. Agora eu quero ir pra direita ou pra esquerda? Ambos os caminhos estão abertos, mas qual deles você prefere tomar?

Elimina o máximo de barulho possível, o máximo de pensamento denso e de som barulhento, e segue o caminho que sua respiração te falar.

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Foto: Bahia – Brasil

Procure o Ouro.

Um belo dia, uma raposa decidiu sair de sua casa, em uma região norte da ilha de Java, e partir em direção ao sul. Ela estava determinada a encontrar a galinha dos ovos de ouro, cuja qual tanto ouvira falar quando era criança. Sua mãe lhe contava histórias e mais histórias sobre como a galinha era poderosa, e como os ovos de ouro eram belos e brilhosos.

Durante toda a sua vida, a raposa passara cansada. Estressada. Maldito stress, esse que tanto nos tormenta! Porém, ela finalmente tinha tomado uma decisão. Iria sair em busca da galinha dos ovos de ouro, para assim se tornar poderosa e ser tudo que sempre quisera ser. Iria sair em busca da paz, da calmaria, daquela brisa leve de verão.

Ela decidiu ir pro sul pois estava cansada do norte. Nascera, vivera – e agora escapou de – morrera no norte. Cansada do que, exatamente, ela não sabia. Só sentia. Sentia que tinha mais lá pra baixo. Mais vida, mais calmaria, mais paz. Paz de espírito. O que mais, exatamente, ela não sabia. Só sentia.

Encontrar a galinha dos ovos de ouro parecia uma ideia promissora. “Assim que eu encontrá-la, terei alcançado minha meta. Serei feliz, calma, e pacífica. Leve como uma pluma. Ahhhh, o ouro!”

O caminho pro sul era praticamente todo ensolarado. Estava bem quente, mas batia uma brisa leve de verão que deixava o clima bem agradável. Era rodeado de flores e pássaros cantantes. A coisa mais linda de se ver!

Porém, assim que chegou um metro adentro do caminho, a raposa pisou em uma pedrinha e cortou um dos dedos de sua pata. Doeu. “Mas que saco! Tudo parecia ir tão bem. Eu finalmente tomei a decisão de ir em busca do que eu quero, e agora não consigo mais caminhar direito. E tem todo um caminho pela frente… não sei se consigo aguentar.”

À noite, fez frio. Choveu. Caiu uma nevasca. E a raposa nem estava preparada pra isso, achou que só fazia calor ali no sul. Além disso, ela também não sabia, mas os pássaros haviam começado uma guerra contra um outro bando e agora suas canções haviam se tornado gritos de protesto.

O outono estava chegando, então as flores não estavam mais tão bonitas assim. Estavam caindo e a paisagem começando a ter tons mais escuros e terrosos. “Esse caminho não era como eu imaginava”, disse ela enquanto atravessava a floresta de Araucárias. “Eu não consigo nem enxergar o que tem na minha frente, com essas árvores gigantes atrapalhando a minha visão. Como sou capaz de prosseguir?”

O inverno veio, e com ele temperaturas de -15 graus Celsius. Mais chuva e nevasca. O trajeto inteiro havia sido instável, tendo chovido, feito frio e calor o tempo todo, às vezes até no mesmo dia. Nem a nova chegada do verão foi capaz de aumentar os ânimos do animal. Estava agora cansada e estressada, e já não aguentava mais caminhar.

“Cadê essa maldita galinha?”, reclamou ela.

E como toda boa história que se preza, nesse momento pode enxergar a ave bem na sua frente. Mas sem os ovos de ouro. A galinha apareceu bem na frente da raposa, mas sem o tal dos ovos dourados, que eram tão belos e brilhosos.

“Procure o ouro”, disse a galinha. “Os ovos, há tempo já se foram. Eles não existem mais. Mas o ouro, ele continua. Ele existe há todo instante, basta procurá-los. “

E continuou dizendo: “Ao reclamar do corte em uma das patas, e se apegar à isso, você, Dona Raposa, deixou de aprender a caminhar com as outras três patinhas que restaram.

Ao se apegar à chuva, você deixou aproveitar a água para se lavar. Quando caiu a neve, em vez de reclamar e se apegar à ela, você poderia ter usado-a a seu favor, aprendido a esquiar, e acelerado a sua chegada até mim. Deixou de catar as folhas que caíram do outono para preparar um casaco e se esquentar no inverno. Deixou de ouvir o canto dos pássaros enquanto ainda existia, de curtir o verão e apreciar a paisagem.

E chegou até mim cansada, e estressada.”

Não procurou o ouro que cada situação lhe trazia. Não procurou o ouro em cada situação que lhe acontecia. Pois saiba que nada é em vão. Tudo acontece em prol da evolução. Desafios são belos, e nos permitem brilhar toda vez que os superamos. Tudo, tem seu lado positivo e enriquecedor.

Basta, sempre, procurar o ouro.

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Foto: Utrecht – The Netherlands

Calcanhar de Aquiles

Era uma vez, Aquiles.

Um homem forte e belo, imponente, majestoso. O herói mais temido por Tróia, protagonista entre os céus e oceanos, dominador, e guerreiro destaque da Ilíada.

Aquiles vivia armado, pronto para qualquer batalha. Se alguém ousasse lhe enfrentar, Aquiles sacava suas armas e derrubava o inimigo no mesmo instante. Ele sabia usar e dominava com perfeição a munição mais poderosa já inventada pelo homem:

Palavras.

Aquiles sabia exatamente o que falar e como falar para acabar com seu oponente toda vez que fosse preciso. Bastava se sentir ameaçado, que palavras mágicas de dor e ofensa saiam de sua boca em direção à ameaça, extinguindo-a por completo em questão de segundos.

E assim ele vivia. Caminhava armado e munido, pronto para ferir qualquer pessoa que tentasse lhe atacar. Ou que ele pensasse que estivesse lhe atacando. Ou que ele interpretasse que a intenção era lhe atacar. Ou que ele sentisse que qualquer movimento estranho, mesmo que irreal, seria um ataque.

A verdade é que Aquiles era frágil e sensível. Nem ele sabia, mas, sem sua armadura, ele não era nada além de um homem comum. Uma pessoa que sente coisas e emoções, pensa, senta, levanta, e deita. Come, bebe, chora, e dá risada. Mas, por algum motivo e em algum momento, ele precisou se defender, e sem ter força física suficiente, encontrou nas palavras a forma mais rápida e eficaz de se proteger.

E, de fato, elas são. Palavras são a arte da guerra. Fáceis, não violentas (tem certeza?), delicadas. Aparentemente inofensivas. Poderosíssimas, palavras tem o poder supremo de destruir tudo e qualquer coisa se assim seu mestre desejar. Falar é uma arte a ser dominada, que pode sim ser usada para o bem, mas na guerra, um discurso bem dado, que incite o ódio e convença os soldados a ferir o inimigo, é peça chave para vencer uma batalha.

“A vida é uma batalha / Tem que batalhar para vencer na vida / Todo dia, uma batalha diferente” – tão conhecidos “ditados” populares. Frases comuns, repetidas por gerações, que refletem como as pessoas enxergam a vida. “Viver” é, muitas vezes, considerado sinônimo de batalha.

E, na vida, todos somos Aquiles. Caminhamos munidos, sem cuidar daquilo que sai de nossas bocas no meio de uma conversa. Sem se preocupar em entender o que realmente foi dito, se feriu alguém, ou se vale mesmo a pena revidar (não, não vale).

Além disso, no jogo da comunicação, toda regra é exceção. Uma palavra ou frase mal interpretada e não bem esclarecida já vira ataque iminente, que requer revidação na hora. E dá-se início ao pingue-pongue: vence quem sair mais ferido da partida.

Aquiles só foi descobrir o real poder de sua munição quando percebeu uma flechada atingir o seu calcanhar, que, por um descuido, tinha ficado descoberto sem a armadura. Acontece que seu inimigo Homero, durante a guerra de Tróia, observou Aquiles treinar sua arte das palavras, e decidiu usar o feitiço contra o feiticeiro. Ao perceber o calcanhar exposto, Homero direcionou as ofensas e escancarou à Aquiles suas falhas, seus defeitos e dificuldades, derrubando-o em um único golpe.

Falar, a arte da guerra. Palavras são lançadas, e palavras são retornadas. O que Homero descobriu foi que, tanto para atacar ou se defender, falar durante a guerra leva à uma batalha sem fim. Homero não sabia, mas toda a vez que se usa o feitiço das palavras em prol da dor, a armadura de quem o lança fica mais rígida e pesada. Perde-se a sensibilidade, o contato com a pele, com as emoções, com a leveza natural da vida.

Ambas as partes saem perdendo.

Além disso, ele descobriu que armaduras feitas de palavras são falhas, pois os calcanhares sempre acabam ficando de fora. Não só o de Aquiles, mas o tendão de qualquer pessoa, por ser o maior tendão do corpo humano, quando atingido, desestabiliza o esqueleto inteiro, abala o emocional e a dor vira visceral.

Palavras constroem, confortam e acalentam. Mas palavras destroem, nutrem a dor e machucam de verdade. Todo calcanhar é frágil e vulnerável, e está exposto aos ataques de Homero (assim como este aos ataques de Aquiles).

Ao cair, Aquiles percebeu que sua armadura de nada o protegia. Então resolveu tirá-la, eliminando todo o peso sobre seu corpo, e conseguindo assim levantar. Tomou um susto, pois, quando levantou, estava maior que Homero. Mais alto, ainda mais forte, belo e poderoso.

Ele pôde finalmente sentir o quão leve é caminhar sem estar munido e o quanto havia dominado errado a arte da fala. Se perdoou por ter deixado seu calcanhar vulnerável todos esses anos, e trabalhou para fortalecê-lo e protegê-lo de outras formas.

E, no final, descobriu nas palavras, a arte da cura.

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Foto: Milford Sound – New Zealand

Inspirações.

Donde vem? De onde são? Como surgem? Inspirações.

Inspiração vem de dentro, da alma. Do meio, do ambiente. Epigenética. Genética. Eu sou daonde eu vim ou eu venho de quem eu sou? De quem me fez? Me criou, me moldou. Me inspirou.

Inspirações. Elas vêm de dentro, do meu ser. Inspirações nada mais são do que expressões da minha alma transmutadas para algo físico. Uma pintura, uma costura, um crochê. Uma escrita… Um conselho. Uma comida. Cozinha é pura inspiração. Não existe comida boa se o cozinheiro não tá inspirado.

“Tá inspirada hoje, hein!” é a frase clássica quando algo muito bom está sendo muito bem feito. Entendeu né? Não tem como uma ação inspirada culminar em um resultado ruim.

Tá inspirada hoje, hein! Se inspirou em quem? Em mim, oras!

Mas nele também. E nela. Ela é uma das minhas maiores inspirações. Filha de uma grande mulher inspiradora, que gerou outra grande mulher inspiradora, que me gerou. Gerações de mulheres inspiradoras, essa eu conheço.

Mas hoje o dia é de uma dessas em especial. Dela, a primeira que me fez perceber e entender o que “inspiração” significa. Eu não vi acontecer, mas quando percebi, me dei conta de que muito das minhas inspirações foram inspiradas por ela. Nela, percebi que minhas próprias inspirações foram inspiradas nela.

Por ela também. Minha grande incentivadora, apoiadora que só vendo. Ela vibra com minhas conquistas, me motiva, me guia, me serve de espelho e orientação. O símbolo da mulher guerreira, batalhadora. E no bom sentido, porque com ela não existem dificuldades. Tudo é motivo de festa e de celebração.

Meus aniversários de criança, catequese, crisma, formatura. Cada pequena conquista minha, ou de qualquer outra pessoa, ela vibra como se fosse dela. Isso não é simplesmente tão inspirador?!

Ela é de fato uma mulher inspiradora. Todos na família, na comunidade, nas amizades, todo mundo se inspira! Não tem um que passe ileso. Por onde ela passa, todo mundo se fascina com tamanha força. Não preciso nem dizer que é casada com um homem incrivelmente inspirador, e que o casamento deles me inspira muito, né? Ah tá.

Ela me lembra bolo de cenoura. Se eu tivesse que descrever ela em uma palavra, seria bolo de cenoura. Meu bolo preferido, colorido, fofinho. Amado por todo e qualquer brasileiro, que sempre vem com uma calda de chocolate que dá o toque final. É aquele bolo que não tem como não amar.

Sim, inspiração vem de dentro. Sim, inspiração é a expressão da alma, de algo interno, que é nosso, e só nosso. É humanamente impossível que Maria tenha a mesma inspiração que Benta, pois são duas pessoas diferentes. Porém, a minha inspiração interna primeiramente se inspirou em algo externo, em alguém lá fora. É claro que um ser não se inspira em uma coisa só, mas existem coisas que são grandes inspirações pra alma, maiores que outros pequenos insights. E ela é uma dessas.

Imagino que todos também tenham algo(s) ou alguém(s) em quem se inspiraram antes de realmente se inspirarem. Agradeça. Esse texto foi pensado em uma pessoa inspiradora específica, mas ele também se refere a todas as outras almas inspiradoras que pairam por aí. Na minha vida tem várias outras, e eu sei que ela não se importa em dividir esse parágrafo. Obrigada a todos.

E obrigada a você, minha querida, por ser quem tu és. Por ser maravilhosa e inspiradora. Por ter formado essa família incrível, por fazer parte da minha vida, por me permitir ter tantas memórias boas. Obrigada por me inspirar a me inspirar. Que tu continues inspirando muitas outras almas a se inspirarem também, pelo resto de nossas vidas.

Com amor,

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Foto: Jacinto Machado – Brasil

Lições de Croquete & Sanduíche

Sabe essas agências de trabalho em que a gente se inscreve pra trabalhar em eventos aleatórios? Ou eles ficam com os seus dados e te chamam para “trabalhar recolhendo ingresso no show da Adele nesse sábado” ou, pelo aplicativo, você escolhe o dia que está disponível e se aplica pro evento que pagar mais (infelizmente eu sou do tipo que vai pelo que dura menos tempo).

Pá pum. Vai lá, fica pensando “que que eu tô fazendo aqui”, fica se perguntando porque aquele colega de trabalho tá animadão pra servir croquete durante 6 horas nessa feira de agrônomos holandeses, pega dois ônibus e um trem de volta pra casa, e recebe o pagamento duas sexta-feiras depois no valor de 60 euros.

Na época, no dia da Adele meu chefe sacana me recrutou pra trabalhar e não pude ir (alô dois empregos?). Mas aí teve uma vez muito divertida que fui recolher ingresso em um evento super descolado que até hoje não descobri direito o que era, e outro dia fui paga pra passar maionese no sanduíche de uns universitários enquanto minha colega era paga pra botar o picles e a cebola no pão.

E foi a botada de picles e cebola no pão mais marcante que eu já presenciei. Aquilo mudou minha vida. As três horas de contato que eu tive com essa colega foram inspiradoras. Ela me contou que esse era o único trabalho dela, e como ela amava trabalhar ali. Ela só via perfeição em trabalhar das 9h às 16h em pé servindo os alunos e montando o sanduíche que eles pediam. Ela trabalhava ali há anos – porque queria. Ela sorria o tempo -inteiro-, conversava com todo mundo, e até elogiava o cabelo das alunas que comiam por ali.

Outro dia, eu tava pistola servindo croquete para aqueles agrônomos holandeses. Eu sou muito #teamorgânicos e estava ali alimentando aqueles compradores de pesticida, botando comida na mesinha daqueles homens prestes a comprar um novo trator para jogar agrotóxico na lavoura.

“Dank je wel!”. Que mané “obrigada”, irmãoooo

Mas enquanto eu trabalhava na feira de cara amarrada, sem valorizar na verdade o quanto a Holanda tem um trabalho lindo com seus alimentos, minha “chefe” do dia trabalhava felizona. Ela pegava aquela bandeja hiper pesada cheia de croquete como se fosse uma pluma, e andava pela feira se divertindo e rindo com os convidados.

Ela me contou que a vida dela era essa. Ela trabalhava em qualquer tipo de evento, para qualquer agência, sempre na forma de trabalho informal. A carreira dela era se aplicar para eventos aleatórios, marcar presença no dia, e esperar a grana cair na conta no final da semana. Ela tinha 40 anos, e fazia isso há no mínimo 20.

Não é lindo?

Talvez você não tenha captado, mas o post “Cara, cadê meu carro?” fala, na verdade, sobre diferentes formas de se viver. Existem inúmeras formas de se viver.

Eu não sei se é por causa da cultura que eu venho ou o quê, mas eu admito que pra mim é estranho imaginar não ter uma carreira. Ou ter uma carreira diferente da que eu imagino – profissões formais e overrated, mais do mesmo. Mas é tão inspirador viver experiências “aleatórias”, sair da caixa, conhecer novos olhares, novas vidas, novos objetivos.

Mais inspirador ainda é ver as pessoas (realmente) felizes fazendo tarefas que não é todo dia que eu paro para valorizar. E não é como se elas estivessem ali porque precisam. Elas estão ali porque esse é o instrumento delas, porque elas querem. Não é todo mundo que quer ser o Bill Gates com 20 anos de idade ou se hospedar no Conrad toda férias de verão.

Poderia escrever um livro de tanta coisa aleatória que já vivi. Ainda bem. Que eu viva mais infinitas experiências aleatórias, e que me tragam muita sabedoria. Muitas novas vidas, formas de vida. O meu mais sincero obrigada a essas colegas por me serem e me ensinarem tanto.

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Foto: Jurerê – Brasil

O meu, não.

O meu, não. Aquele ali, sim. Esse aqui, não. Esse aqui é diferente.

O meu? Não.

Esse aqui é dos bom, aqueles que só se acha uma vez na vida. Ele é boa gente, gosta de cantar, fingir que se perdeu e depois mostrar o caminho de volta pra casa. Ele é confiança, segurança e nem sempre tá disponível pra falar do passado.

Ah, o passado. Ele não me engana. Um dia, ele me disse que o futuro pode ser feito da memória. A gente nasce e vive coisas. As coisas crescem e a gente carrega elas junto. O que a gente vê, é baseado nas coisas que a gente carrega e no que elas fizeram crescer dentro de nós. O que eu enxergava, só era baseado no que eu achava que acreditava.

Se eu soubesse que o que eu enxergava só refletia o que eu acreditava, teria acreditado diferente. Teria pego as coisas que eu carregava, botado em um saquinho, e levado de volta pra casa. Chegando em casa, eu teria falado: “olha, daqui pra frente é diferente”. Saiba que, daqui pra frente, tudo que acontecer só é um reflexo do que eu quiser que aconteça.

Daqui pra frente vai ser diferente. Eu vou pegar o saquinho da memória e fazer ele enxergar o que eu quiser que ele acredite. Tá acompanhando? Eu vou tentar simplificar.

Ontem eu conheci uma pessoa. Ele é boa pinta, homem de família, boa gente. O pai é juiz e a mãe, engenheira. Ele perguntou como eu achava que o que eu vivi antigamente influenciou no meu presente. Eu disse, olha… Não é bem assim… O que passou, passou. O presente é o agora e nada mais importa.

Ele é insistente, e surpreendente. Quando eu conheci, logo queria sair. Mas ele ficou, me puxou pra um canto e falou: fica mais um pouco?

E eu sou independente. Não preciso de ninguém. Finalmente não preciso mais dele. Mas o moço é tão surpreendente que me fez querer ficar mais meia hora. 40 minutos, 1 semana.

Acho que ele é diferente. Esses dias peguei ele sendo normal. Sendo só mais um. Mas aí puxei meu saquinho da memória e falei “olha, daqui pra frente, tudo que acontecer só é um reflexo do que eu quiser que aconteça”. O que eu enxergar aqui vai depender do que eu quiser acreditar.

O meu? Não. O meu não é igual. E o meu futuro não vai ser feito da memória. O que passou, passou.

Depois do bar, ele prometeu me levar pra casa se eu ficasse mais um pouco. Falou que ainda era cedo pra ir embora. Aceita mais uma?

Acho que ele é diferente. O que eu quero que ele seja?

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Foto: Montecarlo – Monaco

Sou (toda) ouvidos

“Sério, por que essa pessoa inventa de botar esse brinco aqui? Ah, eu não vou deixar que mexam no meu território. Eu sou a abelha rainha e essa cera é o meu mel.

Que nada irmã, essa aí nem nos notou. Passou a vida inteira nos olhando mas nunca nos enxergou. Nos fantasiou, endereçou, limpou, mas prestar atenção que é bom, nada!

Ah, pois é. Semana passada eu me revoltei e inflamei. Quero nem saber, por bem ou por mal eu reivindico meu direito de ser ouvida. Quando é pra saber dos outros a gente presta né, agora quando é pra saber de si não tem santo que lhe faça ouvir!

Ah, pois é. Quando é pra apoiar o Ray Ban a gente presta né, agora quando é aparecer no penteado a gente tem que se esconder. Quando é pra ouvir elogio a gente é toda ouvidos, mas quando a crítica aparece a gente finge que nem escuta. O que será que ele tava falando mesmo? Que não gostou? Peraí, não tô ouvindo”.

Hoje, enquanto minhas orelhas conversavam, eu percebi que elas estavam ali. Percebi que eu tenho uma orelha esquerda e uma orelha direita. Quando eu me olhei no espelho, lá estavam elas: duas orelhas. A direita estava quente como o verão, vermelha. Quase pegando fogo. A esquerda estava gelada, brisada, cansada. Cansada de não ser notada. Cansada de ser toda ouvidos. Cansada de ser manipulada.

Hoje eu finalmente percebi que eu realmente tenho duas orelhas. Uma esquerda, e uma direita. A direita estava gelada como água em temperatura baixa. A esquerda estava quente como água fervente. Aliás, faltou água quente. Eu moro sozinha e para resolver o problema da água tenho que ligar pro gerente.

Só mês que vem, disse ele. Enquanto isso, fica aí resolvendo o seu problema. Bebe uma Corona e fica em quarentena. Quem sabe assim você aprende, que, a gente quando é presidente, sabe de nada, inocente. Sabe de nada da gente.

Hoje eu percebi que eu escolho o que eu quero ouvir. O que eu quero ver. Como eu quero entender. Hoje eu percebi que meu corpo dá sinais. Sinal verde, vermelho e amarelo. Fica aí a reflexão.

É tanta coisa que passa despercebida na correria do dia a dia, né? Ou seria, ignorada? Adiada? Eu não tinha reparado nas minhas orelhas, mesmo elas estando ali desde que eu nasci. O que será que eu vou descobrir amanhã? Que esse tempo me permita evoluir.

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Foto: Tasman Peninsula – Tasmania

Respeita a minha fase

Eu tô em uma fase que critica muito. Critica tudo. Mas não no sentido de criticar (apontar o dedo/julgar), mas no sentido de criticar (questionar). Tô questionando tudo. E eu nunca fui assim. Acabei de me tocar que estou nessa fase. E vim aqui escrever.

Eu ando criticando tudo. Prestando muita atenção no que sai da boca das pessoas – na verdade isso eu sempre fiz. Fiz muito e tenho feito mais ainda. Quero só ver o quanto eu farei no futuro.

O ponto é que eu ando prestando muita atenção nas pessoas. Nas palavras principalmente. Mas principalmente no olhar e nos gestos. Principalmente no contexto da vida delas, na verdade. Me desculpa, mas eu tô te observando.

Eu sempre fui bela, recatada e do lar. Sempre fui um mulherão da pourra e sempre me senti bem pra frentex. Mas eu sempre fui beautiful, modest and from home. Fazia mil e um questionamentos na minha cabeça, mas externava zero. Medo de estar errada. Medo de ser julgada. Medo de ser questionada.

Medo de estar certa. Medo de ter uma opinião forte. Medo de mostrar a minha visão dos fatos às pessoas e fazer elas verem o quanto estavam “erradas” (o certo não existe, não é mesmo?).

Medo de brilhar. Fiz terapia por um bom tempo e esse era um tema hiper corriqueiro. Eu sempre soube que minha luz era muito forte e tinha medo de brilhar demais. De ofuscar a luz dos outros. Muito fofo de mim pensar isso, mas hoje eu fortemente imagino que todos os outros seres humanos tenham o mesmo medo.

Cada um tem sua luz. Seu brilho. E, pro meu mundo, a minha luz brilha mais que a dos outros. Pro seu mundo, a sua luz brilha mais que a dos outros. E é assim que tem que ser. Se cada um for o centro do seu universo, o mundo vira um lugar melhor.

Por favor, não me entenda mal. Não é pra ser egoísta e sair achando que “só eu que importa”. Tenha bom senso. O que eu quero dizer é o amor próprio. Se eu me amar tanto, a um nível que chega a transbordar, eu tenho amor de sobra pra oferecer pro outro. E eu não preciso de nada em troca, porque já tá tudo preenchido em mim. Eu só ofereço amor, com amor.

Eu tô tão feliz em estar começando essa fase de ativista. Ativista das minhas opiniões. Também estou feliz em ter a consciência de que externalizar opiniões é perigoso, e tenho que fazer isso com cuidado. Eu tenho sim que criticar (questionar) e posicionar minha opinião, mas tenho que fazer isso sem machucar ninguém. E você também, mô kiridu.

Não existe essa história de ofuscar a luz dos outros. Todas as luzes tem a capacidade de brilhar igualmente. E simultaneamente. Vai depender de cada um decidir qual a intensidade do seu brilho naquele momento.

Eu sempre fui questionadora. Mas nunca questionei. Procurava as respostas dentro da minha cabeça. O que me levou a encontrá-las todas, de uma maneira ou de outra (Fica a dica). Mas agora eu tô afim é de procurar lá fora. E eu não tenho a intenção de encontrar nenhuma resposta. Perguntar lá fora é só um reflexo da vontade de falar.

Agora dá licença que eu vou te observar reagindo a esse texto. Dá licença que eu vou me observar tendo vontade de falar. De gritar pro mundo. Me escuta. Eu tenho algo importante a dizer. Por quê?

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Foto: Praia do Cassange, Bahia – Brasil

O tal do corona…

Agora, no meio da crise do coronavírus. Eu quero que todos estejam protegidos, principalmente aqueles que são da zona de risco, e que tenham suas necessidades básicas atendidas. Porém, eu não aguento mais ouvir falar sobre isso. Esse tem sido o único assunto que as pessoas têm falado nos últimos dias, e, sinceramente, já cansei.

Cansei porque elas só falam de medo, criticam. Conversations have been summed up to this one topic, and all people do is stay on their phones angry-texting in whatsapp groups, and spreading their fears around. Students, they think they know more than the government and than those who are specialized in dealing with crisis like these. Todo mundo fechou as fronteiras, vamos fechar também. They all have closed the Universities, we must close too! Stupid government, taking some time to think about what to do instead of simply shutting down the Uni. O efeito manada.

O tal do efeito manada. Bendito não seja esse efeito. Me dói ver o quanto as pessoas não pensam sobre nada, e só agem de forma reativa. Elas só reagem. Instintivamente, não intuitivamente. Nada nunca tá bom o suficiente. E o egoísmo? “Vamos comprar todos os pacotes de papel-higiênico do supermercado e nos salvar do apocalipse”.

Elas não veem o quão bom está sendo o universo. Não me entenda mal, eu sinto por todos que de alguma forma sofreram com isso, e lamento por todas as coisas de ruim. Mas, aos que restaram, olhe ao redor. O universo está nos proporcionando uns “15” dias de descanso. Pra ficar em casa, descansando, pensando. Esse é o momento perfeito pra refletir. Pense comigo:

Se eu perder tudo que tenho lá de fora (rotina, espaço físico de trabalho, passeios, viagens…), eu ainda sou feliz? Olhe para as finanças, se eu ficar um tempinho sem receber um dinheiro, sou seguro financeiramente? Se eu tiver que ficar sozinho, vou me divertir? Quem eu sou? Quem estou sendo? Eu amo a vida que estou criando? Estou agora aonde eu quero estar agora? Estou perto/longe da minha família e de quem importa pra mim? O que posso fazer pra me sentir mais perto? Se eu só tiver eu mesmo pra cuidar de mim, consigo? Dou conta? Eu gosto da minha rotina? Os eventos que eu tinha planejado para as próximas semanas, eles são legais? Estou aliviada/triste com o cancelamento desses eventos? Eles eram necessários? O que eu gosto de fazer no meu tempo livre? O que eu vou fazer no meu tempo livre agora? Se só tiver eu & eu sobrando, é suficiente pra mim? Quem eu quero me tornar?

Eu sou saudável? Esse é o momento de cada um fazer a sua parte, a resposta está dentro de nós. O vírus é invisível, ainda não tem vacina (e sobre ela, fica a reflexão pra depois). Porque nós somos a cura. A cura tá dentro de cada um de nós. Eu sou saudável? Percebo os alimentos que eu como? Como está minha imunidade? Como aumentá-la? Como aumentar minha auto-confiança? Já diziam eles, auto-confiança é tudo.

Para de botar a culpa lá fora, nos outros, de se justificar dizendo que “eu não tenho medo de pegar o vírus, só me preocupo com os mais idosos”. Aham, tá. Então por que não tá falando da perspectiva de quem realmente se preocupa com os mais velhos? Porque se for isso mesmo, então vamos pensar em como protegê-los de verdade, fornecer comida e cuidados médicos especiais. Eles que importam nesse momento, em relação ao corona. Você importa o tempo todo, fica tranquilo.

Obrigada universo por nos proporcionar esse momento de movimento. Tem muuita energia disponível por aí, e que nós saibamos como usá-la da melhor forma possível. À nosso favor. Que percebamos o quão interconectado é o mundo, o quão cada um depende de cada um. Refugiados, entrem, fiquem à vontade. Deixa eu cuidar de ti até sua casa ser reformada. Somos todos um só.

Do pó viemos e ao pó retornamos. Somos todos um. Somos todos um só.

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Foto: Florianópolis – Brasil