O meu, não.

O meu, não. Aquele ali, sim. Esse aqui, não. Esse aqui é diferente.

O meu? Não.

Esse aqui é dos bom, aqueles que só se acha uma vez na vida. Ele é boa gente, gosta de cantar, fingir que se perdeu e depois mostrar o caminho de volta pra casa. Ele é confiança, segurança e nem sempre tá disponível pra falar do passado.

Ah, o passado. Ele não me engana. Um dia, ele me disse que o futuro pode ser feito da memória. A gente nasce e vive coisas. As coisas crescem e a gente carrega elas junto. O que a gente vê, é baseado nas coisas que a gente carrega e no que elas fizeram crescer dentro de nós. O que eu enxergava, só era baseado no que eu achava que acreditava.

Se eu soubesse que o que eu enxergava só refletia o que eu acreditava, teria acreditado diferente. Teria pego as coisas que eu carregava, botado em um saquinho, e levado de volta pra casa. Chegando em casa, eu teria falado: “olha, daqui pra frente é diferente”. Saiba que, daqui pra frente, tudo que acontecer só é um reflexo do que eu quiser que aconteça.

Daqui pra frente vai ser diferente. Eu vou pegar o saquinho da memória e fazer ele enxergar o que eu quiser que ele acredite. Tá acompanhando? Eu vou tentar simplificar.

Ontem eu conheci uma pessoa. Ele é boa pinta, homem de família, boa gente. O pai é juiz e a mãe, engenheira. Ele perguntou como eu achava que o que eu vivi antigamente influenciou no meu presente. Eu disse, olha… Não é bem assim… O que passou, passou. O presente é o agora e nada mais importa.

Ele é insistente, e surpreendente. Quando eu conheci, logo queria sair. Mas ele ficou, me puxou pra um canto e falou: fica mais um pouco?

E eu sou independente. Não preciso de ninguém. Finalmente não preciso mais dele. Mas o moço é tão surpreendente que me fez querer ficar mais meia hora. 40 minutos, 1 semana.

Acho que ele é diferente. Esses dias peguei ele sendo normal. Sendo só mais um. Mas aí puxei meu saquinho da memória e falei “olha, daqui pra frente, tudo que acontecer só é um reflexo do que eu quiser que aconteça”. O que eu enxergar aqui vai depender do que eu quiser acreditar.

O meu? Não. O meu não é igual. E o meu futuro não vai ser feito da memória. O que passou, passou.

Depois do bar, ele prometeu me levar pra casa se eu ficasse mais um pouco. Falou que ainda era cedo pra ir embora. Aceita mais uma?

Acho que ele é diferente. O que eu quero que ele seja?

.

.

Foto: Montecarlo – Monaco

Leave a Reply

Fill in your details below or click an icon to log in:

WordPress.com Logo

You are commenting using your WordPress.com account. Log Out /  Change )

Facebook photo

You are commenting using your Facebook account. Log Out /  Change )

Connecting to %s