Years and Years

Faz um tempo – anos – que eu não curto curtir o Instagram.

Para você que está lendo isso no futuro, quando eu já me tornei uma versão fake da Clarissa Pinkola Estés, Instagram é uma rede social muito usada durante os meus anos de juventude, aonde a galera posta(va) fotos de seus gatos e amigas com duck face e selfies de espelho na balada – também tem a clássica na academia, né?

Me lembro de ter começado a usar Instagram em 2011, no auge da minha adolescência. Era muito maneiro e divertido, mas de lá pra cá muita coisa mudou. Antes, os filtros do Insta eram péssimos e as fotos ficavam piores com do que sem. Era demais!

Hoje, é surreal a -perfeição- que o filtro deixa em uma foto.

Eu me odeio por usar Instagram e ainda não conseguir me libertar da rede. É um papo clichê esse, frase repetida por muita gente, mas é verdade.

Atualmente, meu feed deixou de ser um lugar para olhar fotos aleatórias e virou uma propaganda de televisão e plataforma de autoafirmação/autoimagem absurda. Parece que toda e qualquer publicação do meu mural é alguém, seja pessoa física ou jurídica, se promovendo ou divulgando seus serviços. Viramos escravos da ditadura Instagraniana.

De certa forma, escravos mesmo. Muitos queremos deixar de usar as redes, mas não conseguimos. Principalmente quem depende financeiramente da rede, há várias regrinhas para que uma publicação atinja um alto número de pessoas e se torne mais visível e conhecida. Não quero fazer uma analogia simplória à escravidão, mas é algo a ser pensado.

Pra mim, é triste. É triste ver, na prática, quão maior é o engajamento das pessoas em posts sem conteúdo algum. Como modinhas do Instagram são tão sem sentido. Por quê você iria querer se parecer com alguém?

Por que você iria se parecer com alguém que, de diferente, só muda o valor da conta bancária. E a quantidade de pessoas que (acham que) te conhecem.

Sinceramente, esse negócio de Instagram tá me cansando.

O mais louco dessa minha irritação é que daqui a pouco vou estar lá olhando meu feed do Instagram. Olhando vídeos desinteressantes de pessoas que não se tornaram tão interessantes ainda. Investindo o meu tempo em nada de valor. Muito provavelmente, também sendo uma pessoa desisteressante para outros, que vão olhar minhas postagens e pensar que eu não me tornei tão interessante assim.

E se daqui a pouco eu começar a usar o instagram pra me autopromover também? O Abre a Janela tem instagram – @abre.janela. Segue lá!

Esse post não tem nenhum objetivo a não ser um espaço para eu desabafar. Mas o objetivo desse post também é te fazer pensar.

Todos caímos na rede e agora somos peixes. Como acabar com a pesca predatória?

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Foto: Ilha Sul – Nova Zelândia