Eu resolvi que eu quero conseguir pintar uma tela a óleo com o dedinho esquerdo do meu pé direito. É isso mesmo. Minha meta agora é fazer com que o dedinho esquerdo do meu pé direito segure alguns pincéis e faça uma pintura. E esse pintura tem que ser igual ao “Sol Nascente”, do Monet. Aceito nada menos que isso.
Tá, pra isso eu tenho então que ensinar o meu dedinho esquerdo a segurar um pincel. E tenho que ensinar o meu pé direito que agora vai ter um dedinho ali que vai virar pintor, então ele que se resolva em como vai deixar de sustentar o meu corpo pra virar suporte de artista.
Péra, o que? Isso não faz sentido. Dedinhos de pé não são como dedos da mão. E pé não é mão. E um dedo sozinho não segura pincel…
Quero nem saber. Eu vou ser o que eu quero ser. Já dizia Charlie Brown que o impossível é só questão de opinião. Quem sou eu pra contrariá-lo???
Eu vou é me reinventar. Vou sair daqui agora, pegar minha tobata, e partir pras Bahamas em busca da neve. Ah, a neve… tão linda e branquinha. Parecida com a areia da praia. Neve e praia são quase a mesma coisa né?
Cê ta inventando história, dona moça. Ficou é maluca. Parece aquelas minas que viram CEO de empresa: deu a louca na dona mariquinha.
Invento. Me reinvento. Não sou a mesma todo dia. Sou melhor a cada dia. O que eu gostava ontem talvez já não goste mais hoje. O que eu gostava ontem talvez hoje eu goste ainda mais. Descobri que gosto de tanta coisa… Tanta. Coisa. Será que consigo fazer tudo? Será que posso ser tudo? O que mais eu quero ser? Fazer?
Cozinhar, pintar, passar roupa. Passar roupa? – Eu sou única, mon amour.
Que Deus me abençoe e me faça gostar de cada vez mais coisas. E que eu aprenda a desgostar também. A desapegar. Se a fase já passou, então já Elvis. Se a fase tá começando, ENTÃO (NÃO) ME SEGURA
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Foto: Lisboa – Portugal