Vitimice

Não é que eu estou estou me fazendo de vítima, eu só acho que é injusto isso ter acontecido.

Porque, sabe, não é que as coisas não saem como eu quero, mas seria muito melhor se fosse assim do que assado. Não entendo porque isso aconteceu, parece que eu só atraio problema nessa vida.

As coisas sempre dão certo com todo mundo. O fulano tá ganhando dinheiro, a ciclana tá feliz no trabalho, a fulana se mudou pra Nova Iorque, mas eu, não. Parece que sou a única pessoa no mundo que não consegue viver em paz e ser feliz. Que saco!

Antes parecia tudo mais fácil, não é mesmo? As coisas iam acontecendo, e fluindo… Por que será?

Começo dizendo que é por causa do padrão de vítima. Viver em estado de vitimice é viver achando que tudo lá fora é o culpado do problema, e que o “mundo” vive contra nós. É botar a culpa lá fora, ficar procurando um alguém para apontar o dedo, e mudar de humor com base no que acontece ao redor.

Há uns dois anos, aprendi que a “a saída é pra dentro”. Entendi dentro como sendo (literalmente) dentro de mim, do meu ser, da minha alma, da minha mente. Enquanto que fora é o mundo fora de mim. Aquilo que não está dentro do meu ser, ou seja, o mundo físico, visual, genético, epigenético…

A vítima, ela depende dos acontecimentos lá fora. Ela fica feliz se algo de bom acontece, e fica triste se algo de ruim aparece. Ela sai daqui de dentro, se desconecta da alma – que é só bem-estar – e permanece apoiada pra fora da janela.

Sem perceber que, até certo ponto, ela mesma é responsável por criar as coisas lá fora, a partir do que vem aqui de dentro.

Sem entrar no conceito do 100% de responsabilidade, que é só pros fortes de coração, eu chuto com precisão que a resposta se encontra no padrão de vítima. Que tudo depende de como eu escolho ver/viver a vida: sendo uma vítima à mercê do que cai no meu colo, ou escolhendo, de antemão, como eu quero me sentir daqui pra frente, e projetando um futuro feliz pra mim.

É como se fosse aquela pessoa que reclama que não tem ovo em casa, mas não sai pra comprar uma caixa. Que não gosta do que faz, mas trabalha no banco há 10 anos. Que sabe que o/a parceiro/a não é bom, mas o/a ama demais pra deixá-lo e ser mais feliz que aquilo. Que tá sem dinheiro, mas tem medo de arriscar algo novo. Que…

Basicamente, que prefere continuar no conforto do desconforto, do que buscar o desconforto de um futuro conforto. E que, claro, tem argumento pra cada um desses tais desconfortos.

Estamos todos no mesmo barco. A sociedade que nos condiciona e nos educa para crescermos achando que é normal/legal agir em estado de vítima (que nem essa frase)

Mas, meu amigo, deixa eu te contar uma coisa. Quando a gente sai do vitimismo, uma coisa mais legal que a outra acontece. Abre-se espaço para a imaginação e para a chegada de coisas incríveis & maravilhosas & sensacionais. Já posso até sentir. A alma tem voz pra cantar e, com nossa estabilidade emocional no saldo positivo, trazer mais e muitas positividades. É o tal do good vibes only

E pra sair do estado de vítima, basta se perguntar: qual a lição que isso quer me ensinar? O que devo aprender com isso? Depois, é só seguir em frente.

Já ouviu a palavra do #goodvibesonly hoje? Bora olhar pra dentro e se comparar consigo mesmo! Nada de olhar pro lado, nem de se apoiar pra fora da janela. Bora se limpar do padrão de vítima e começar a assumir as devidas responsabilidades.

Como já diziam os antigos: a vida é bela, nóis que fode ela.

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Foto: Gordon’s Bay, Sydney – Australia

2 thoughts on “Vitimice

  1. Terceirização da culpa, né?! É mais fácil se lamentar pelo que não pode mudar do que fazer algo por aquilo que pode, sim, ser mudado.

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