Feminidade. Quase um feminismo. Mais que isso. Feminidade.
Se tem uma coisa que eu admiro é mulher. Todo tipo de mulher. Mulheridade. Mulher não tem idade.
Mulheridade é… o quê? É uma canção cantada desde os velhos tempos. Ancestralidade. Tem coisa mais bela que a anciã? Mulher sábia, mulher selvagem. Mulher-esqueleto. Eu carrego a minha comigo sempre.
Já dizia a velha sábia. Aquela que nada teme, tudo vê. Uma vez ela me disse que minha intuição não erra nunca. Mal sabia eu que intuição não é instinto. Mal sabia eu que eu carregava a lua dentro de mim. Até hoje.
Mulher não se ajuda. Se julga. A mulher de hoje em dia só quer saber de reclamar do patriarcado. Cadê a atenção pro matriarcado? Igualdade? Possibilidade? Humanidade.
Ah, se a velha sábia soubesse. E se eu contar pra ela, que a mulher hoje vai pra rua reclamar da opressão? Ótimo. Que ela joga pra fora toda a energia que tem dentro? Peraí. Que ela descarrega sua potência implorando pro mundo lhe dar atenção, quando ela mesma não se dá? Eita.
O feminismo é todo dia. Ele é vivo, ele é dinâmico. E se eu contar pra velha sábia que eu não marchei no dia das mulheres? Hmm… Tira esse -ismo. O ismo não é condição. Bota um -ade. A de quê? A de artigo feminino.
Ô dona moça, eu tô entendendo é nada que cê tá dizendo.
Fala com a velha sábia. Pergunta pra ela que ela vai te responder. Um dia eu vou ocupar o lugar dela. Tá mais que na hora de ouvirmos suas histórias, o que ela tem pra nos contar.
Ô mulher, faz isso contigo não. Ela é tão linda. Um dia ela já foi baleia, hoje ela é sereia. Ela é mãe. Avó, tataravó. Bisavó. Eu carrego elas comigo, e você também. Eu sou mulher e minha potência orgástica é infinita. É um acúmulo de potências que me guia ao encontro da minha.
Um texto sem pé nem cabeça, porque ele é o corpo todo. Você, que é mulher, liberte-se. Dê uma passadinha lá na vila, a velha ta te esperando. Ela tem tanto à dizer… Bruxa-má. Bruxa-boa. Pega a vassoura e sai voando. Espalha por aí esse encanto.
O homem, ele é lindo. Mas ele só reproduz o que aprendeu. Basta ensiná-los diferente. Levar o ódio pra passear no dia das mulheres não é lá grande ensinamento.
Muda a frequência desse rádio aí, sintoniza na rede Feminidade. Lá, você encontra depoimentos de todos os tipos de mulheridade. Tem tons de pele, sexualidade, orientação sexual, altura, gordura, estria e celulite. Tem todo tipo de manifestação externa de dor interna. Tem todo tipo de cura. É um paraíso.
Vou contar pra velha sábia que o -ismo foi embora e deixou o -ade em seu lugar. Vou contar pra velha sábia que a mulher selvagem tá cantando e ela trouxe a mulher-esqueleto junto. Elas tão chegando. Tô sentindo o cheirinho de café quentinho.
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Foto: Palm Beach, Sydney – Australia